terça-feira, 12 de março de 2013

Sigur Rós – "Valtari Film Experiment"

Sonhos sem amarras



Quem já assistiu a um concerto dos islandeses Sigur Rós, tem noção de ter vivido uma experiência que deixa todos os sentidos alerta para as descargas emocionais que emanam a cada composição musical da responsabilidade de Jónsi e companheiros.

A magia do mundo criado pelos Sigur Rós tem um imaginário interpretativo ímpar e as sensações que a música proporciona podem originar reacções individuais muito particulares. Uma das melhores formas de tentar explicar a arte dos autores de álbuns como “Agatis byrjun” ou “Takk” remete-nos para o onírico, para um sonho feito à base de uma sustentabilidade sonora que tem nos acordes ambientais, minimalistas e post-rock os seus principais alicerces.

Cientes que a imagem é uma das características mais fortes da banda, os Sigur Rós apostam muito nos clips vídeo que se assemelham a curtas-metragens, onde a beleza entra pelos nossos olhos adentro. Exemplo disso foi “Heima”, duplo DVD lançado em 2007 e premiado no Festival Internacional de Cinema de Reiquiavique, que serviu para documentar a digressão por terras islandesas em 2006 e reforçou a ideia que a banda islandesa é, de facto, um dos fenómenos musicais mais interessantes das últimas décadas.

Com a recente edição de “Valtari”, álbum que deu o mote para a digressão que passou recentemente por Lisboa e Porto, os Sigur Rós desafiaram alguns realizadores a fazerem vídeos que representassem uma visão individual e particular das músicas da nova aventura sonora da banda, e não um comum “teledisco”.

Com um orçamento reduzido atribuído a cada realizador (cerca de 7,5 mil euros), foram produzidas 14 das 16 peças visuais que compõem este “Valtari Film Experiment”, lançado pela EMI - um exercício visual que serve para entender melhor o estímulo pavloviano que resulta da audição de “Valtari”.

Também os fãs foram convidados a participar neste projeto e a banda recebeu mais de oito centenas de pequenos filmes, entre os quais alguns portugueses, que se mexiam por universos onde a beleza, o caos, o absurdo e a comédia eram ingredientes. Como prémio, dois deles viram os seus trabalhos incluídos neste DVD (“Fjogur Píanó”, de Anafelle Liu, Diu Lau e Ken Ngan, e “Daudlogn”, de Ruslan Fedotow).

Em termos de destaques, os cerca de dez minutos épicos criados por Florida Sigismondi para “Learning Towards Solance”, que conta com o protagonismo dos atores Elle Faning e John Hawkes, a par dos filmes de Ramin Baharini em “Ég Anda” e John Cameron Mitchell para “Seraph”, figuram como algumas experiências a não perder.

Muitos dos vídeos foram colocados a “conta-gotas” no site oficial dos Sigur Rós, mas agora já é possível ter esses documentos reunidos em formato DVD, objeto que, por certo, irá ocupar um lugar especial no coração dos seguidores, e não só, da banda islandesa.

Mais que uma reunião de vídeos, as cerca de duas horas e meia de música que estão patentes em “Valtari Film Experiment” servem para, acima de tudo, afirmar a genialidade do reportório dos Sigur Rós e sentir o seu efeito sobre nós, comuns mortais. Como extra, temos ainda direito a ver o making of de três vídeos.

Alinhamento:

1.Varúð (Inga Birgisdóttir)
2.Valtari (Christian Larson)
3.Ég anda (Ragnar Kjartansson)
4.Ekki múkk (Nick Abrahams)
5.Varðeldur (Clare Langan)
6.Leaning Towards Solace (Floria Sigismondi)
7.Seraph (Dash Shaw / John Cameron Mitchell)
8.Dauðalogn (Ruslan Fedotow)
9.Rembihnútur (Arni & Kinski)
10.Fjögur píanó (Alma Har'el)
11.Ég anda (Ramin Bahrani)
12.Varðeldur (Melika Bass)
13.Varúð (Bjorn Floki)
14.Dauðalogn (Henry J W Lee)
15.Fjögur píanó (Anafelle Liu, Dio Lau and Ken Ngan)
16.Varúð (Ryan McGinley)

Classificação do Palco: 9/10

In Palco Principal

Sem comentários:

Enviar um comentário