sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

EELS
"WONDERFUL, GLORIOUS"

O regresso do belo freak



A bem dos nossos ouvidos, e almas, 2013 está a revelar-se um ano de excelentes colheitas musicais. O regresso dos Eels com “Wondeful, Glourious”, décimo longa-duração da banda e alter-ego de Mark Oliver Everett, aka Mr. “E”, vem confirmar a regra e assume-se como um dos mais consistentes discos da carreira deste norte-americano, que é uma das figuras maiores do panorama indie internacional.

Mais que uma “reação” à trilogia composta por “Hombre Lobo” (2009), “End Time” (2010) e “Tomorrow Morning” (2010), esta nova coleção de 13 temas é uma aposta segura no futuro dos Eels. Everett deixa de novo as guitarras arranharem as suas músicas e o regime de bipolaridade de “Wonderful, Glourious”, entre descargas voltaicas e baladas cheias de coragem, torna este num dos discos mais complexos da banda.

Se, em 1996, “Beautiful Freak” se assemelhava a uma doce tentação e surpresa, discos como o seminal “Eletro-Shock Blues” (1998) e a resposta ao mesmo que foi “Daises of The Galaxy” (1998) fizeram com que dos Eels se espere muito ou quase tudo. E é isso mesmo que se pode encontrar em “Wonderful, Glourious”. Vários ingredientes que tornam a música dos Eels num caldeirão de canções repletas de calorias auditivas, onde o sabor agridoce das composições deixa todos de água na boca.

Logo aos primeiros acordes de “Bombs Away”, faixa inaugural do disco, somos invadidos por guitarras que procuram soltar amarras, ainda que bem apoiadas numa segura precursão. A voz de Mr. “E” soa áspera, rouca, num registo que faz lembrar os lamentos de Tom Waits.

Gingão, “Wonderful, Glourious” avança para “Kinda Fuzzy”, uma canção que inicia assente numa linha de baixo acutilante e é um excelente exemplo do hipnostismo da lírica destes Eels em grande forma. Sem dúvida, uma das mais viciantes peças deste álbum onde o otimismo do vocalista leva-o mesmo a assumir-se como “a good man”…

“Accident Prone” é o primeiro momento mais introspetivo do álbum e leva-nos para ambientes mais calmos, melancólicos e, de certa forma, seguros. Este mesmo sentimento atravessa-nos a alma nos belíssimos “On The Ropes”, “The Turnaround”, “True Original” ou “I Am a Building a Shrine”.

Por sua vez, “Peach Blossom”, carregada de guitarras e muita soul, leva “E” a abrir a alma ao mundo e a cantar: “There’s Nothing For Me to Fear”. Existe, sem dúvida, luz na (nova) vida dos Eels e a escuridão do passado fica para trás. A prova vem com as primeiras estrofes de “New Alphabeth”: “…you know What? I Am in a Good Mood Today; I Am So Happy It’s Not Yesterday”. Eis-nos no novo vocabulário da banda.

Repletas de swing, “Stick Together”, “Open My Present” e “You’re My Friend” são exemplos do caráter eclético deste “Wonderful, Glourious” - disco que encerra com a faixa homónima e que nos deixa com vontade de sentir mais capítulos da história dos Eels, que estão, de facto, fantásticos, grandiosos.


Alinhamento:
01. Bombs Away
02. Kinda Fuzzy
03. Accident Prone
04. Peach Blossom
05. On the Ropes
06. The Turnaround
07. New Alphabet
08. Stick Together
09. True Original
10. Open My Present
11. You’re My Friend
12. I Am Building a Shine
13. Wonderful, Glorious

Classificação do Palco: 8,5/10

in Palco Principal

1 comentário:

  1. Nildocas diz...
    Mais vale tarde que nunca..
    Vou ser uma seguidora fiel e irei comentar sempre que ache conveniente.... quanto mais não seje para dar uma forçazinha para que este Blog tenha pernas para andar.
    Um abraço abeijocado!!!

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