sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Cowboy Junkies em entrevista

"Continuamos a desafiar-nos a nível criativo e ainda temos muito gosto em fazê-lo"



Naturais do Canadá, os Cowboy Junkies saltaram para as bocas do mundo da música em 1988, aquando do lançamento do aclamado "The Trinity Session", gravado, sem rede, na Igreja da Santa Trindade, em Toronto. Desde então, os quatro canadianos espalharam pelo mundo o seu folk indie muito blusy, alicerçado na fantástica voz de Margo Timmins. Até hoje, lançaram mais duas dezenas de álbuns, sendo que a sua última e ambiciosa aventura, “The Nomad Series”, é um conjunto de quatro discos, cujo último tomo, “The Wildreness”, foi lançado este ano. E é assim, na ressaca desta viagem nómada, que o clã Timmins e Alan Anton se apresenta no Misty Fest, no CCB, em Lisboa, dia 17 de novembro, e na Casa da Música, na Invicta, a 19. Antes das apresentações em Portugal, a conversa com o Palco Principal.

Palco Principal – Já passaram mais de duas décadas desde o lançamento de “The Trinity Session”, segundo e muito aclamado disco de estúdio dos Cowboy Junkies, sucessor do longa-duração de estreia da banda, “Whites Off Earth Now!!”. Sentem-se realizados com o vosso percurso?

Cowboy Junkies - O percurso continua, continuamos a desafiar-nos a nós próprios a nível criativo e ainda temos muito gozo em fazê-lo.

PP - Já muitas vezes comentaram que o sucesso da vossa segunda incursão em estúdio vos apanhou um pouco desprevenidos. Como lidam hoje com o sucesso?

CJ - Na nossa perspetiva, ter sucesso é ter a capacidade de fazer música que nos faça sentir realizados e que faça as pessoas sentirem prazer em ouvir. Isso tem-nos permitido continuar a trabalhar e a tocar, o que, para um músico, é o melhor que se pode esperar.

PP – Aquando dos primeiros palcos pisados, afirmavam que as atuações ao vivo mudavam a alma das próprias canções. Hoje, mais experientes, ainda sentem essa metamorfose?

CJ – As canções são sempre influenciadas pelo ambiente que vivemos diariamente na estrada enquanto grupo, por isso é natural que mudem um pouco consoante o nosso estado de espírito. Mesmo após anos de experiência.

PP - No início dos anos 90, especialmente com “Black Eyed Man”, os Cowboy Junkies adotaram uma postura um pouco mais rock. Foi essa uma mudança planeada ou algo que aconteceu naturalmente?

CJ - Nessa época, sentimos vontade de expandir a nossa musicalidade, o que resultou num conjunto de canções que tinham mais energia que a imposta nos trabalhos anteriores. Ainda assim, não gostamos de nos afastar do “nosso som”, gostamos demasiado dele, por isso poderemos sempre ouvir os Junkies, independentemente da direção pela qual enveredemos.

PP - Sempre gostaram de fazer versões. Em “The Trinity Session” e “Early 21 st Century Blues” prestaram homenagem a Presley, Springsteen, Dylan e Lennon. Enquanto banda, são esses os vossos maiores heróis?

CJ – Sim, são todos estes nomes, e ainda Neil Young, Lou Reed, Nick Cave, etc..

PP – Editaram recentemente “The Wildreness”, último disco de “The Nomad Series” - um projeto que teve uma viagem à China como mote e que envolveu a edição de quatro discos em apenas 18 meses. Algumas das canções incluídas nestes quatro trabalhos foram escritas há bastantes anos. Nunca recearam que este projeto pudesse soar vintage ou era esse mesmo o seu objetivo?

CJ - Quanto começámos a gravar esta série de álbuns, não tínhamos uma ideia clara do caminho a seguir – apenas alguns conceitos base que acabaram por ficar patentes nos quatro discos. Sabíamos, porém, que, para conseguirmos incorporar as ideias que estávamos a tentar introduzir, iria ser necessária uma expansão do nosso som. Cada um dos discos acabou por adquirir uma personalidade própria, o que, tendo em conta o espaço de tempo que levámos a gravar (18 meses), acabou por ser uma agradável surpresa. A ideia deste conceito foi desafiar-nos a sair da nossa rotina habitual de gravar um disco a cada 12 meses e ir em digressão. E o facto de termos muitas canções novas ajudou e acelerou o processo.

PP – Como complemento a estes quatro discos, vai ser lançado um livro do pintor cubano Enrique Martinez Celaya, um amigo de longa data da banda. Associam muito a vossa música à pintura. Cada canção é um quadro?

CJ - A música e as artes visuais funcionam em espaços temporais diferentes, o que marca a diferença e influencia a peça enquanto produto final, mas há certamente pontos de contacto no processo criativo...

PP - Em “The Wildreness” saltam à vista canções muito diferentes entre si, como “Fairytale” e “Fuck, I Hate the Cold”. Apesar dessas disparidades, todo o disco é bastante emotivo. Como se sentem hoje enquanto banda?

CJ - Com a idade, surgem também novos patamares emocionais a explorar, e com isso sentimos outro tipo de motivação criativa. “The Wildreness” explora esses novos sentimentos e paisagens, e tenta dar-lhes algum sentido.

PP - A primeira vez que pisaram palcos portugueses foi aquando da digressão de apresentação “Open”. Mais de uma década depois, o que podem os fãs portugueses esperar dos concertos dos Cowboy Junkies em território nacional?

CJ - Muitas canções novas incluídas no “Nomad Series”, assim como alguns temas mais antigos.

In Palco Principal

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